sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Neto Retou

Agora sou eu quem vou meter a boca na vuvuzela. Nesta Copa, estou pior do que o gato cinza que foi adotado comunitariamente lá na rua Direta de Ilha Amarela: quando não sou perseguido por pitbulls, estou metido em algum espeto. Foi assim que eu e minha patroa tivemos que desembolsar mais de 80% do orçamento de viagem em apenas uma corrida de táxi. Pedi para ir até o caixa eletrônico mais próximo e o motorista desgraçado entendeu que eu estava pedindo para conhecer uma discoteca. Não sei como isso pode ter acontecido, já que falei em inglês impecável: - plis, de next eletronic box.
Terminamos, então, indo para um inferninho na Cidade do Cabo e quando me dei conta estava 120 dólares mais pobre e bem distante da pensão, que serve um banquete de café da manhã com línguas de salamandra grelhada e raízes de amendoeiras polvilhadas com parmesão a Nego Bara (especialidade local). Só voltamos graças a minha aparência de nativo que ajudou na hora da carona. Para fazermos as refeições, minha patroa precisou iniciar bicos de lavadeira no Centro de Imprensa e conseguiu como freguês um cara vermelho que dizem que foi jogador e agora é comentarista. Trata-se de boa praça chamado Neto, que trabalha na televisão Band.
Ele passou uma trouxa de roupa suada e um tanto sebosa. A patroa teve que cobrar 50 dólares pela lavagem e explicou que a graxeirada tinha inflacionado por causa de uma verdadeira freada de scania na ceroula alvinegra que ele usava (naquele momento, mais negra do que alvi).
O rapaz contou que tinha sido o cuecão de estimação que ele usa sempre nos jogos do Brasil. É que no meio da transmissão, decidiu largar o doce para cima do técnico Dunga, só faltou chamar o cidadão de Édipo de Branca de Neve, mas que chamou de ignorante, burro, analfabeto, iletrado e até eleitor do PT, isso chamou. Tudo porque o energúmeno insistia em manter dois frentes de zaga, enquanto os japas da Coréia do Norte não tinha nem um cara no ataque. Quem assistiu a partida, viu que depois de ele repetir umas três vezes, teve que consertar, dizendo que o treinador também precisava resguardar a defesa.
Ele explicou pra minha patroa, com aquele sotaque chato de caipira que almoça e janta canjica: "Naquela hora recebi os SMS dos mangangão da tv, tudo reclamando que os patrocinador de Dunga ameaçavam tirar as cotas se eu continuasse naquela rebeldia. Na hora, deu até pra consertar o discurso, só não deu pra segurar a borrada que ficou na cueca..."

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